terça-feira, 9 de julho de 2013

A memória sobre Gabriel Pimenta

Neste mês de julho de 2013 completa-se 31 anos da morte de Gabriel Pimenta, juizforano, uma das vítimas da ditadura militar brasileira. Abaixo, cito um pequeno trecho do livro Memórias de Esquerda, onde abordo o caso de Gabriel, que foi militante do Movimento Estudantil, através das memórias de seus irmãos José Pimenta e Rafael Pimenta. 

(...)
Gabriel Pimenta, militante estudantil do MR-8 e advogado do sindicato dos motoristas, trabalhadores rurais e da construção civil em Marabá, no Pará, na década de 1970, chegou à morte, envolvido em conflitos de terras. Irmão de José Pimenta e Rafael Pimenta, entrevistados para esta pesquisa, que trazem na memória a experiência de Gabriel, que deixou para eles o testemunho de coragem na luta política, e que expressava as características do MR-8 e do regime militar na época.

Meus irmãos, vários deles militaram na política. Além do Zé Pimenta, o Gabriel Pimenta, que foi advogado, morreu assassinado no Pará, em julho de 1982. Por causa de política, que ele defendeu umas famílias lá contra um invasor de terra, e ganhou o processo no Tribunal do Pará e o fazendeiro mandou matar ele. Mas as famílias continuam lá até hoje, ganharam a ação e tal. (Rafael Pimenta, entrevista de pesquisa).

O Gabriel, ele formou em Direito aqui, teve uma participação ativa também no movimento estudantil junto com a gente. (...) Ele ficou no Pará três anos, começou em Conceição do Araguaia, foi pra Marabá. Em Marabá, ele movia uma ação grande contra os grileiros de terra. E ele ganhou uma ação contra uma fazenda que chama “Pau Seco”, (...) só que a fazenda foi tomada jagunço. E ele ligou pro Antonio Chico e falou pra ele: “temos que garantir essa parada aí, não vai ser só na justiça não”. Aí o Antonio Chico organizou um grupo e nesse grupo ele botou umas vinte, trinta pessoas, eles fizeram bala até com pilha derretida, porque eles não tinham recurso de nada. Quer dizer, a vontade de pegar a terra era tão grande que eles passaram os jagunços lá. Expulsaram os jagunços. Em função desse episódio, o Gabriel foi assassinado. Não, não foi só desse episódio, ele construiu, ou fez ou reorganizou o sindicato dos taxistas, da construção civil e o sindicato rural de Marabá. E ele foi organizando delegacias sindicais, criou delegacias sindicais pra proteger os dirigentes. Que aí eles fazem delegacias em locais distantes da cidade, onde os grupos de posseiros se organizavam. Então era essencialmente pra defender as posses dos posseiros que já moravam lá há muito tempo (...) Pra você ter uma idéia, nesse processo da resistência armada lá do Antonio Chico, que era o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais nessa época, eles tiveram que ficar sumido. O Gabriel ficava muito no mato, também ficava muito com eles, porque a pressão era muito grande na cidade. Mas aí no dia que ia fazer a reconversão do PMDB em Marabá, eles tinham que ir, eram os advogados que organizavam a conversão. Foi nesse dia, 18 de julho de 1982 que ele foi assassinado. Então isso é uma conseqüência do movimento estudantil aqui de Juiz de Fora. É uma conseqüência direta daquele crescimento daquela consciência social, política, que se formou em todas essas pessoas. E ele foi uma expressão disso, desse movimento estudantil, desse processo político aqui de Juiz de Fora, que foi pra aquela região, e acabou desenvolvendo lá esse trabalho. (José Pimenta, entrevista de pesquisa).


A missa de sétimo dia de Gabriel Pimenta, em julho de 1982, envolveu todo o movimento estudantil e outras organizações de luta política na cidade. Uma nota foi distribuída aos estudantes denunciando a morte de Gabriel Pimenta e convidando para a missa que se tornou um grande ato político através do pronunciamento de diferentes organizações presentes.
(...)
LACERDA, Gislene Ed.. Memórias de Esquerda: o movimento estudantil em Juiz de Fora de 1974 a 1985. Juiz de Fora: Funalfa Edições, 2011. p. 229 - 230 

Nota Missa de 7º dia de Gabriel Pimenta. Arquivo do DCE da UFJF.

31 anos da morte de Gabriel Pimenta

No dia 18 de julho (31 anos da morte de Gabriel Pimenta) a Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Brasileiro fará lançamento de livro em Juiz de Fora em homenagem a lutadores do movimento camponês que foram mortos no Brasil, entre eles Gabriel Pimenta. Amanhã divulgaremos local e horário do evento que terá a presença do coordenador da Comissão da Verdade. Aguarde e agende sua presença.
(Via facebook- Rafael Pimenta)


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Blog Memórias de Esquerda comemora mais de 3000 acessos!


O blog Memórias de Esquerda está em festa hoje comemorando a marca de mais de 3 mil acessos! Sem dúvidas essa marca nos mostra o quanto o livro "Memórias de Esquerda: o movimento estudantil em Juiz de Fora de 1974 a 1985" está sendo divulgado e o debate sobre memória, ditadura militar, juventude estudantil, esquerdas e luta política está atingindo um público cada vez maior! 
Agradeço aos amigos que tem divulgado o blog e juntamente com ele o livro Memórias de Esquerda! 
Aos que ainda não leram, não percam a oportunidade! Fica a dica! E boa leitura!

Acesse e divulgue: www.memoriasdeesquerda.blogspot.com.br
memoriasdeesquerda@gmail.com